domingo, 9 de junho de 2013

Não te quero senão porque te quero 
E de querer-te a não querer-te chego 
E de esperar-te quando não te espero 
Passa meu coração do frio ao fogo. 
Te quero só porque a ti te quero, 
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro 
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero, 
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.


Pablo Neruda

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