domingo, 14 de outubro de 2012

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

 Digo o que já, de triste,
 Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
 Com um olhar ausente
. Começas um sorriso.

 Continuo a falar.
 Continuas ouvindo
 O que estás a pensar,
 Já quase não sorrindo.

 Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
 Se esfolha silencioso
 O teu sorriso inútil.

Fernando Pessoa

Sem comentários:

Enviar um comentário